sexta-feira, 19 de abril de 2013

"I love the place that I live, but I hate the people in charge" I.T.


"Ela está mais a frente, ela saltou os estudo e foi directamente para o Call center"
 Foi-me, (muito bem), dito.

Costumo dizer que desde que tenho idade para realmente me divertir, que tenho idade para trabalhar, pois bem, já dizia o outro "quem não tem dinheiro não tem vícios", eu acho que quem não tem vícios não vive feliz (dependendo dos vícios, calma) e afinal o outro estava enganado quando dizia que "o dinheiro não trás felicidade".
Deparei-me com o dilema: "Quero tanto fazer isto ou comprar aquilo, e o dinheiro?" esse papel mágico que nos permite ter e fazer coisas que queremos, precisamos, temos e devemos, que custa tanto a ganhar num país onde ganhar 3.00€ à hora é algo que já nos dá um salário vistoso que nos paga as contas no final do mês.
Alguém se esqueceu de tornar os meus pais portadores da magia negra do dinheiro, porquê?

Quero estudar, sim, quero muito estudar, quando sentir que vale a pena, quando souber que não preciso de ocultar os meus estudos no C.V. para me aceitarem em cargos mal pagos, até lá, já cheguei à fase de estar a trabalhar num call center, onde 70% dos meus colegas são licenciados, 20% cidadãos activos há mais tempo do que eu existo mas que foram parar ao saco onde me encontro neste momento, por não terem estudos ou porque as empresas onde estavam faliram, os pequenos 9% são pessoas que estão a ganhar dinheiro para poder pagar os seus estudos, e 1% sou eu e mais um ou dois gatos pingados. Este ciclo vicioso causa-me náuseas, e Portugal dá duas opções - Ou estudas no mínimo 3 anos e és uma pessoa formada, e vais parar ao final da "cadeia alimentar" num Call Center, (ou Contact Center como alguns gostam de lhes chamar com a plena certeza que são coisas diferentes), ou por outro lado optas por não estudar e vais parar exactamente ao mesmíssimo lugar.

É, estou indignada pois estou, dói-me o peito de saber que tenho de fugir do meu país porque sim, e não porque quero, ou melhor quem estou a enganar? Sempre o quis mas não assim, não me queria ir embora triste e desapontada com algo que me é querido como o meu país é o mesmo que me ir embora triste e desapontada com os meus pais, ou o mesmo que adormecer triste com o meu namorado, sempre me disseram que não o devia fazer, e eu tento seguir à risca, mas entendes que o meu namorado faz as pazes comigo e durmo descansada, os meus pais não podem deixar de o ser e o Amor de família não morre, e o meu país? Ele não quer fazer as pazes comigo, ele não aceita que tem de mudar, e obriga-me a mim a desenrascar-me da crise. A Crise.

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